quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Breve conto de uma noite sem fim


– Nada mais a acrescentar, disse o velho de calças largas, barbudo e olhos claros. A moça, de pijamas cor de rosa e olhar vazio, tinha os braços lado a lado do seu tronco e os ombros caídos. Ela estava posta frente àquele homem que jamais tivera visto antes, ainda assim insistiu:
– Tem certeza que não viu ninguém com essas características?
O velho toma a foto em suas mãos. Passa alguns minutos em silêncio, minutos de tortura sem tamanho para o coração da pobre jovem de pijama cor de rosa, até que enfim, ele resolvesse falar:
– Ele não tem cara de bom sujeito, te roubou alguma coisa?
– Sim, reponde a moça, com uma voz apática: nem triste, nem feliz. Apenas apática.
Os dois parecem paira sob um nebuloso espectro de espera da resposta, como se um estivesse esperando o outro falar e o outro estivesse esperando um falar. Assim se passaram três longos minutos, até que:
– Você o viu? Pergunta a moça mais uma vez.
– Não tem medo que eu lhe faça o mesmo mal que ele fez? Disse o velho, se levantado do canto escuro onde estava sentado, com um olhar não tão confiável.
– O que ele me fez, ninguém mais é capaz de fazer, disse a moça ao tempo que dava as costas para velho barbudo e, sem mais nada a acrescentar, sumiu na escuridão!
­­– O que ele lhe roubou? Grita o velho. Mas nenhuma resposta ecoa da escuridão. O velho aguardou alguns minutos. Olhou três ou quatro vezes para o caminho que a jovem tinha seguido, deu os ombros, e sentou novamente no seu canto. O velho dormiu, por alguns minutos, ate que, assustado, acorda com um som de histeria e gritos de desespero. Depois de algum tempo tentando entender os gritos, ele desiste e volta ao canto onde dormia.
- minha vida. Diz uma voz rouca, sem expressão!
O velho levanta, arrepiado dos pés a cabeça, olhos esbuguelados, sobrancelhas levantadas, boca entreaberta, e punhos cerrados, como quem fosse a uma briga de vale-tudo.
- minha vida. A voz repete mais uma vez.
O velho não estava entendendo nada, deu círculos e círculos no local, mas não conseguiu ver ninguém em volta.
- esta ai resposta que queria. Diz a voz com tom de despedida.

"O primeiro senso é a fuga! bom, na verdade é o MEDO, daí então a fuga!" [TM]
Quado pareceu acabar, a noite teve prosseguimento. E o fim agora não chegava, so desalento o tormento! E o Medo!

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